Tudo o que muda quando você atrasa uma prestação

Tudo o que muda quando você atrasa uma prestação

Adiar o pagamento de uma prestação pode parecer um alívio momentâneo, mas as consequências se acumulam rapidamente, afetando seu patrimônio, crédito e bem-estar.

Introdução: O que está em risco

Não pagar uma parcela pontualmente envolve mais do que apenas encargos extras: você coloca em jogo seu equilíbrio financeiro e emocional.

Em contratos de financiamento imobiliário, cada dia de inadimplência pode desencadear um efeito dominó que atinge desde sua capacidade de crédito até o risco de perder o imóvel.

Efeitos imediatos: juros, multas e comunicação

Logo ao vencer o prazo, incidem automaticamente juros e multa sobre a prestação em atraso. A maioria dos contratos prevê:

  • Multa de 2% sobre o valor da parcela;
  • Juros de mora de 1% ao mês sobre o montante;
  • Atualização monetária pelo índice contratado.

Além dos encargos, a instituição financeira costuma contatar o devedor por telefone, e-mail e carta, propondo renegociação e alertando para o risco de procedimentos formais.

A negativação e o impacto no nome

Após cerca de 30 dias em atraso, seu nome pode ser incluído em cadastros de inadimplentes como SPC e Serasa. Essa restrição ao acesso a crédito dificulta financiamentos, cartões e até aluguel de imóveis.

Além disso, contratações de serviços financeiros, emprego em setores que exigem análise de crédito e compras parceladas podem ficar comprometidas.

Prazos legais e início da execução do bem

Contratos de financiamento imobiliário permitem ao banco iniciar, em cartório, o processo de consolidação do imóvel após apenas 15 dias de atraso. Uma notificação formal dá ao devedor mais 15 dias para regularizar a situação.

Se não houver acordo, o contrato pode ser rescindido e o imóvel transferido ao nome do credor, abrindo caminho para leilão. A Lei 6.766/79 prevê a rescisão automática após 30 dias da constituição em mora, com devolução parcial dos valores pagos.

Perda do imóvel e leilão

Quando o bem é consolidado em nome do banco, ele pode ser levado a leilão. O valor obtido pode não cobrir toda a dívida, e você ainda responde pela diferença.

O processo pode ser rápido e ocorre sem necessidade de várias parcelas em atraso — basta o descumprimento de apenas uma prestação e a falta de regularização no prazo legal.

Contratos de compra na planta e distrato

A Lei 13.786/2018 (Lei dos Distratos) regula o cancelamento de contratos de imóveis na planta. O comprador pode receber até 75% do valor pago, dependendo do estágio da obra e das condições contratuais.

Se o imóvel estiver pronto e o contrato for rescindido, há retenção de parcelas a título de despesas administrativas e perdas, e a devolução só ocorre quando a construtora vende a unidade a terceiros.

Impactos financeiros e sociais do atraso recorrente

O acúmulo de encargos pode tornar inviável a quitação sem renegociação. Isso gera elevado estresse e desgaste emocional ao consumidor, afetando sua saúde mental e qualidade de vida.

Socialmente, a dificuldade em obter crédito ou novos contratos compromete planos futuros, como compra de carro, reforma de imóvel ou investimentos pessoais.

O que fazer: renegociação e purga da mora

Para evitar a perda do bem, mantenha diálogo com o credor tão logo identifique dificuldade de pagamento. Algumas ações importantes:

  • Buscar acordo de parcelamento dos débitos antes da consolidação do imóvel;
  • Purgar a mora: quitar juros, multas e atualização monetária pendentes;
  • Consultar um advogado ou assessoria jurídica para avaliar cláusulas contratuais e prazos;
  • Avaliar a possibilidade de portabilidade de dívida para outra instituição com condições melhores.

Conclusão: planejamento e diálogo preventivo

Antecipar problemas financeiros, criar uma reserva de emergência e manter comunicação aberta com o credor são atitudes fundamentais para evitar o ciclo de inadimplência.

Ao conhecer seus direitos, prazos legais e possibilidades de negociação, você fortalece sua segurança financeira e reduz o risco de perder o imóvel ou comprometer seu nome.

Maryella Faratro

Sobre o Autor: Maryella Faratro

Maryella Farato, 29 anos, é redatora no s2earch.io, com foco em finanças pessoais para mulheres e famílias que buscam alcançar a independência financeira.